Úteis e fúteis – compras na web

O faturamento do comercio eletrônico brasileiro dobra a cada 2 anos. Mas se as empresas não mudarem sua estratégia, uma hora esses números vão estagnar.
Hoje quem dita a estrutura da interface do e-commerce é em primeiro lugar a plataforma adotada e em segundo o layout (estética).
Então te pergunto: A estratégia entra onde?

Ok, o lead time é imperativo na web, mas vc já colocou no papel o esforço e o desgaste  gasto com retrabalho?  É aí meu amigo que gambiarra vira adjetivo rs…
Galera gasta: 10 minutos no planejar, 10h no produzir e 40h pra refazer (correções). Correto: 10h ‘pra’ planejar, 20h ‘pra’ produzir SEM refação.

Vitrines virtuais estáticas e sem critério de relevância para clientes (visitantes que já compraram), páginas de navegabilidade arcaica e com sistemas de busca similares aos de um blog. Leia-se: por falta de tempo, zero estratégia de relevância. Sair fazendo para amadurecer depois não funciona.

Em um sistema de recomendação personalizada os dados de cadastro, de navegação, de busca e compra são guardados para que possam ser parametrizados no intuito de gerar informações de comportamento/interesse do cliente. Com isso, o sistema pode sugerir produtos/serviços de forma personalizada – leia-se ‘inteligente’.

Assim fica evidente a diferença entre publicidade relevante – ítens de suposto interesse, e publicidade não solicitada – lixo eletrônico.  A diferença entre  comércio ativo e reativo seja ele físico ou online.

Lembre-se: a atração de tráfego para o seu website gera pageviews (páginas visualizadas) e não venda.  A visita é apenas uma ‘oportunidade de venda’, algo similar a aquela pessoa que circula no shopping center e que pára para olhar a vitrine de sua loja.

Essa deve ser uma das principais causas da baixa taxa de conversão e de relacionamento com os clientes. Esse tipo de interação não gera fidelidade nem amadurece relacionamento.

Exemplo:

Dias desses decidi comprar um ventilador de teto. Em uma rápida busca na web me interessei por dois modelos – representados por A e B, mas como o que eu mais gostei (A) estava ‘esgotado’ deixei quieto.
Em um outro dia, efetuando outras compras vi alguns modelos em uma loja e entrei. Acabei encontrando os mesmos modelos que eu havia visto na web.

Iniciei meu processo de compra ao perguntar a um vendedor qual a diferença entre os dois.
Para minha surpresa obtive a seguinte resposta: “A diferença é o tamanho”.
Irada com a resposta inútil – sim as pás de um modelo eram visivelmente maiores que a do outro – virei as costas, em outra oportunidade eu  procuraria em outra loja. Mas antes de sair fui abordada por outro profissional.

Outro vendedor mais preocupado com a venda(relacionamento/fidelidade) me disse: “Os dois modelos tem design inovador, são os mais bonitos que temos na minha opinião. Mas o modelo B tem menor nível de ruído. Também é mais leve e consome menos energia que o modelo A, fatores que justificam seu custo um pouco maior”.

Saquei o celular e acessei o website do clube de vendas, onde fiz uma busca específica do produto. Mostrei o preço do mesmo produto e o gerente me cedeu o desconto. Comprei.

Moral da estória: se eu tivesse encontrado todas as informações que queria do modelo B na web, que não era o que eu havia gostado e que estava esgotado ( o A), eu já  teria comprado minha segunda opção naquele momento. A maioria optou pelo modelo A, porquê era o mais barato, mas se todas as informações estivessem no website, talvez os dois modelos estivessem esgotados.

Todas as etapas que compõem o e-commerce (busca de um ítem, análise do pool de produtos selecionados pelo Google, escolha de um site, escolha de um produto, descrição do produto, confirmação de intenção de compra, preenchimento de cadastro e seleção de opção de pagamento), tem que ter informação detalhada em cada respectiva página.

Outra pergunta: Por que não disponibilizar uma opção ‘avise-me’ quando este produto não estiver disponível? Isso não é nada novo. Por que eu não recebi a próxima newsletter com diversas opções de ventilador, circulador de ar, leque, pena de abano…rs.

Ok. Vou falar sério. O que eu queria mesmo era receber um link. Clico nele e caio em uma página onde eu seleciono (radio box mesmo), as categorias que desejo ver.
Se procuro ítens de cozinha, não quero um monte de chinelo e camiseta no banner principal – já dispersei.
Ao finalizar minhas escolhas, sou redirecionada a uma página onde o look&feel é pertinente ao mer perfil de compra, geografia e poder aquisitivo – home personalizada.

Graças ao Marketing one to one (OTO), no topo da página há a saudação “Bom dia Danivelloso”.
Na taxonomia, a relação de produtos vai além da categoria. Uma verdadeira  seleção comportamental que mapeou o meu interesse momentãneo de compra.

Ferramentas de conversão aumentam as suas chances de tranformar um visitante em um comprador. Quem clica em um site de compras está pré-disposto a comprar, uma oportunidade que não deve ser disperdiçada.

Sabemos que a sociedade consumidora está dominada pela abundância – saturação. Em função disso, sites que oferecem produtos de design diferenciado ou divertido ganham espaço no cenário do comércio eletrônico. Objetos descolados, ítens exóticos de decoração e bugigangas – sim você irá percorrer essas três tags pode ter certeza -  são a bola da vez.

Você clica no e-commerce por curiosidade. Encontra algo e compra. Ao adquirir um ítem inusitado no garimpo virtual, vc o mostra na web. E aí para adquirir um ítem igual basta clicar e comprar. Mas que fatores o levarão a comprar neste site novamente?

A impressão que tenho é que até agora nós usuários é quem temos feito todo o trabalho (rs).

A medida que compramos, começamos a notar aspectos que até então passavam desapercebidos. Eu que comprei um ‘post-it’ pago o mesmo frete de quem comprou um vaso?

Em algumas semanas descubro porquê: os cara me enviaram um post-it dentro de uma caixa de 40X20X10cm. Demorei uns dois minutos para achar o produto no meio dos fandangos de isopor.
Será que alguém lá da logística nunca ouviu falar em envelope com plástico bolha?

Por isso sempre parto do exemplo de uma venda em loja física, não podemos esquecer que a regra de negócio (em um alto nível de abstração) é a mesma, o que difere na transação é o meio. A interação é outra, mas a logística a partir da ‘venda’ é a mesma.

Se pararmos para pensar e refletir um pouco, veremos não ser possível amadurecer o e-commerce enquanto as empresas trabalharem assim.

É como discutir os projetos futuros de instalar aquecimento a gás e automação inteligente em uma casa que possui não infra-estrutura adequada (encanamento em pvc em vez de cobre, conduite de 1pol em vez de 2pol…e assim vai).  E as  empresas continuam tentando reverter problemas que não tem solução. Soluções alternativas e temporárias são implementadas ás custas de profissionais que trabalham de sábado, de domingo, de madrugada…

Sinto muito. Nossa performance não é medida pela boa vontade ou pelo número de tentativas.
Exemplo:
Sr.Cliente você não receberá seu produto na data acordada.
Só Deus sabe o quanto corremos e o quanto tentamos, mas não foi possível.
O.0

Quando estou nas empresas sempre ouço que falta processo e sistema.
Posso desenhar qualquer processo ou sistema, mas o seu sucesso dependerá do comprometimento dos headers no desenvolvimento do escopo – são eles quem definem as regras do negócio.

Podemos munir a empresa com as tecnologias mais atuais, mas só isso não resolverá os problemas. A tecnologia está em quem a faz funcionar – com informações atuais/corretas, e principalmente atitudes. Cabe aos colaboradores apenas ter disciplina para implementá-las.

Sua plataforma é munida de comparadores de preço? De ferramentas de conversão (taxonomia, geomarketing, vitrines inteligentes e adaptativas, de monitoramento de  efetividade da recomendação…)?

O e-commerce ainda engatinha, mesmo que a ‘passos a largos’.


  1. Dani,

    O que você escreveu descreve perfeitamente o despreparo da grande maioria dos negócios que prestam serviço.

    Atendimento, taxonomia, entendimento do perfil de compra para aderência de ofertas, geo e por aí vai. A tecnologia é míster no processo, mas como vc escreveu, que processo?

    Empresas que tem CRM para dizer que o tem, deixando-o subutilizado. Quantas vezes você já fo abordada pela mesma operadora de celular que utiliza, tentando vender um plano para você sem ao menos saber que você já é cliente?

    Aff, cansei.

    Enfim, na minha área é a mesma coisa. Os headers do projeto compram a ideia mas acreditam que, sei lá, por mágica, ela vá funcionar sozinha! Não é fantástico? Eu fico impressionado com isso, mas nem deveria mais, devido a tanta exposição a tal fato.

    Com Automação de Marketing é a mesmíssima coisa. As pessoas acham que é um produto assim, “tabajara”, tipo, “seus problemas acabaram”.

    Os sponsors dos projetos devem ser bem definidos, temos que ter um project leader, num conceito de scrum para as coisas fucionarem. Este é cada vez mais meu papel, ensinar as pessoas a pensarem, fazerem e efetivamente entenderem seus papeis – por que estão fazendo aquilo e o que trará futuramente.

    Vejo os passos, mas não tão largos assim, no e-commerce ou fora dele…
    baci,
    Babs

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